Este é o período mais conhecido como 'Reinado de Momo", o Carnaval. E apesar de não curtí-lo, vejo-o de forma indiferente e mais nada.
Na foto: Avelar
Óbvio é que não sou contra a quem gosta. Mas há muito tempo, desde 1974, não brinco mais. Foi uma opção de foro íntimo, digamos.
Até neste Domingo estava em Sergipe. Passei lá 15 dias, deliciando-me e aproveitando todas as coisas que de lá podemos aproveitar. Uma delas é a tranquilidade (física, emocional e pessoal), haja vista que, para quem vive numa cidade como o Rio de Janeiro - e até mesmo São Paulo - a velocidade da vida é quase que supersônica, pedindo desculpas pelo exagero, é claro.
A propriedade que Sergipe possui é a de que foi a terra onde meus pais nasceram, mais exatamente na cidade de Lagarto, já no semi-árido sergipano, distante da capital uns 70 kms. Mas a cidade já está contando com uma população de 100.000 habitantes. Já é uma cidade que consegue se mover pelas próprias pernas, digamos.
Já estive lá por muitas vezes. Mas a cada vez que vou, surpreendo-me com o progresso que a cidade alcança. E num comentário num outro artigo neste mesmo espaço, desenvolvi um texto que aborda sobre o que antigamente dizíamos "pessoa do interior". Isto porque os costumes de lá, hoje, já são muito parecidos com os das pessoas de um grande centro, fato que não acontecia em anos passados. Principalmente nos jovens.
Em Lagarto já existe de tudo (ou quase) o que existe em cidades grandes como a nossa. É óbvio que guardando as devidas proporções. Mas para quem é de cá, quando lá, já não sente tanta diferença como sentia em tempos passados. Isso só demonstra o progresso que o país anda alcançando, desconsiderando, aí, as mazelas cometidas pelos políticos brasileiros, o que todos já sabemos de sobra.
Quando estou lá, sinto-me como se estivesse em casa. Isso se dá em razão do acolhimento que as pessoas de lá me concedem. Tenho por lá muitos parentes, mas alojo-me na casa de um grande amigo, que é filho de um outro grande amigo de meu pai, já falecido. Ele se chama Avelar, que já é um setentão, mas com uma saúde de aço, tal a energia que expressa em seu cotidiano, cuidando do sítio e das dez cabeças de gado que possui.
Avelar é um verdadeiro fenômeno. É um arquivo vivo das coisas e das pessoas do Lagarto, dominando com uma profundidade abissal, fatos, histórias e dados daquela cidade. De brincadeira, lhe disse que ele corria o risco de tornar-se uma celebridade, caso a Globo tomasse conhecimento de sua existência, tal é o tamanho da sua espirituosidade.
De quase tudo faz chacota, imitando todo o tipo de gente que com ele conversa. E eu, como um carioca, passei por isso, mas de forma divertida, porque não há outro jeito de encarar suas performances. E é um tremendo contador de causos, e o faz com uma precisão absurda, relatando fatos que aconteceram na cidade há muitos anos atrás e com as pessoas antigas que lá viveram. Conhece (ou conheceu) quase que todos os habitantes daquela cidade, sem esquecer nenhum, inclusive os antepassados dessa gente.
Na foto: José, Molinha, Avelar, Bertinho e o autor desse artigo, Aloisio.
Ao segui-lo por duas vezes à rua (ao centro da cidade, como lá chamam), observei que o danado vai cumprimentando todo mundo que encontra pelo caminho. E aí, cita o nome da pessoa, bem como de quem ou de quê família é. Coisa surpreendente, podem acreditar. E o faz dentro de uma normalidade que considerei como absurda.
Mas o fato mais extraordinário que observei nesse personagem foi a forma como trata seus vizinhos e amigos. Não há dia nem hora que em sua casa não vá uma pessoa lhe pedir algo para que ele o negue. De brincadeira eu criei uma maneira de chamar essa gente de sócio. Isto porque quase todos que lá vão, lhe pedem algo ou alguma coisa, sempre. E ele jamais nega qualquer pedido que lhe fazem. É fato surpreendente, mesmo.
Aos Domingos, logo cedo, recebe primos que serão atendidos com um café da manhã para ninguém botar defeito. Cozinha na noite anterior uma porção de carne e logo cedo faz o cuscuz de milho com muito capricho, que vai para a mesa onde todos participarão do banquete daquele dia. Com o café para completar. E a conversa e as brincadeiras (piadas) rolam sem parar até o fim desse banquete.
É também muito religioso e não deixa de ir à missa no Domingo, com o fato de produzir-se criteriosamente (vestir-se bem), como se fosse para um cerimonial. É de uma elegância natural extrema, podem acreditar. E não esquece de perfumar-se de jeito nenhum.
Enfim, para se falar de Avelar, teremos que ocupar muito espaço e tempo, o que nos traria um certo inconveniente, não é? Teríamos que ficar aqui sem dar conta de o tempo passar e esquecermos os nossos compromissos. Assim, fico por aqui. Mas tenho certeza que ainda aproveitarei este mesmo espaço para falar de tal ilustre personagem.
Na foto: Avelar
Óbvio é que não sou contra a quem gosta. Mas há muito tempo, desde 1974, não brinco mais. Foi uma opção de foro íntimo, digamos.
Até neste Domingo estava em Sergipe. Passei lá 15 dias, deliciando-me e aproveitando todas as coisas que de lá podemos aproveitar. Uma delas é a tranquilidade (física, emocional e pessoal), haja vista que, para quem vive numa cidade como o Rio de Janeiro - e até mesmo São Paulo - a velocidade da vida é quase que supersônica, pedindo desculpas pelo exagero, é claro.
A propriedade que Sergipe possui é a de que foi a terra onde meus pais nasceram, mais exatamente na cidade de Lagarto, já no semi-árido sergipano, distante da capital uns 70 kms. Mas a cidade já está contando com uma população de 100.000 habitantes. Já é uma cidade que consegue se mover pelas próprias pernas, digamos.
Já estive lá por muitas vezes. Mas a cada vez que vou, surpreendo-me com o progresso que a cidade alcança. E num comentário num outro artigo neste mesmo espaço, desenvolvi um texto que aborda sobre o que antigamente dizíamos "pessoa do interior". Isto porque os costumes de lá, hoje, já são muito parecidos com os das pessoas de um grande centro, fato que não acontecia em anos passados. Principalmente nos jovens.
Em Lagarto já existe de tudo (ou quase) o que existe em cidades grandes como a nossa. É óbvio que guardando as devidas proporções. Mas para quem é de cá, quando lá, já não sente tanta diferença como sentia em tempos passados. Isso só demonstra o progresso que o país anda alcançando, desconsiderando, aí, as mazelas cometidas pelos políticos brasileiros, o que todos já sabemos de sobra.
Quando estou lá, sinto-me como se estivesse em casa. Isso se dá em razão do acolhimento que as pessoas de lá me concedem. Tenho por lá muitos parentes, mas alojo-me na casa de um grande amigo, que é filho de um outro grande amigo de meu pai, já falecido. Ele se chama Avelar, que já é um setentão, mas com uma saúde de aço, tal a energia que expressa em seu cotidiano, cuidando do sítio e das dez cabeças de gado que possui.
Avelar é um verdadeiro fenômeno. É um arquivo vivo das coisas e das pessoas do Lagarto, dominando com uma profundidade abissal, fatos, histórias e dados daquela cidade. De brincadeira, lhe disse que ele corria o risco de tornar-se uma celebridade, caso a Globo tomasse conhecimento de sua existência, tal é o tamanho da sua espirituosidade.
De quase tudo faz chacota, imitando todo o tipo de gente que com ele conversa. E eu, como um carioca, passei por isso, mas de forma divertida, porque não há outro jeito de encarar suas performances. E é um tremendo contador de causos, e o faz com uma precisão absurda, relatando fatos que aconteceram na cidade há muitos anos atrás e com as pessoas antigas que lá viveram. Conhece (ou conheceu) quase que todos os habitantes daquela cidade, sem esquecer nenhum, inclusive os antepassados dessa gente.
Na foto: José, Molinha, Avelar, Bertinho e o autor desse artigo, Aloisio.
Ao segui-lo por duas vezes à rua (ao centro da cidade, como lá chamam), observei que o danado vai cumprimentando todo mundo que encontra pelo caminho. E aí, cita o nome da pessoa, bem como de quem ou de quê família é. Coisa surpreendente, podem acreditar. E o faz dentro de uma normalidade que considerei como absurda.
Mas o fato mais extraordinário que observei nesse personagem foi a forma como trata seus vizinhos e amigos. Não há dia nem hora que em sua casa não vá uma pessoa lhe pedir algo para que ele o negue. De brincadeira eu criei uma maneira de chamar essa gente de sócio. Isto porque quase todos que lá vão, lhe pedem algo ou alguma coisa, sempre. E ele jamais nega qualquer pedido que lhe fazem. É fato surpreendente, mesmo.
Aos Domingos, logo cedo, recebe primos que serão atendidos com um café da manhã para ninguém botar defeito. Cozinha na noite anterior uma porção de carne e logo cedo faz o cuscuz de milho com muito capricho, que vai para a mesa onde todos participarão do banquete daquele dia. Com o café para completar. E a conversa e as brincadeiras (piadas) rolam sem parar até o fim desse banquete.
É também muito religioso e não deixa de ir à missa no Domingo, com o fato de produzir-se criteriosamente (vestir-se bem), como se fosse para um cerimonial. É de uma elegância natural extrema, podem acreditar. E não esquece de perfumar-se de jeito nenhum.
Enfim, para se falar de Avelar, teremos que ocupar muito espaço e tempo, o que nos traria um certo inconveniente, não é? Teríamos que ficar aqui sem dar conta de o tempo passar e esquecermos os nossos compromissos. Assim, fico por aqui. Mas tenho certeza que ainda aproveitarei este mesmo espaço para falar de tal ilustre personagem.
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