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sexta-feira, 24 de maio de 2019

A VIDA E SUA IMPERIOSIDADE

   Ontem, logo cedo, ao adentrar à rede mundial, deparo-me com uma reportagem onde o cantor Roberto Carlos diz que não consegue assimilar o alcance de sua idade já septuagenária. E tenta explicar isso de uma forma imprecisa, digamos.
   Oras, isso é a coisa ou o fato mais natural do mundo. Raros, raríssimos são aqueles que o conseguem. Porque a mente (ou seria o cérebro?) parece não acompanhar essa progressão. E assim, quase todos nunca possuem a facilidade de se ver numa idade avançada. Há nisso uma diferença profunda.
   Infelizmente a vida segue em frente sem que possamos retê-la. E isso só acontece em caso de morte. Mas isso é outra coisa que quase a totalidade da humanidade não gosta e muito menos aceita. E ainda por cima teme. Mas é uma situação imperiosa que nos foge ao controle e ao domínio sobre ela.


   E a coisa mais comum é uma pessoa de idade avançada sentir-se sempre mais nova. E isso é quase que unânime. E dessa forma procedemos. Agimos quase sempre se mais novos fôssemos. 
  Até que num dia qualquer, tenhamos a manifestação do próprio corpo, que não reagirá da forma como esperamos. Isso é o peso da idade. O organismo se incumbbirá de nos avisar e mostrar.
  Mas mesmo assim ainda existirão pessoas que não conseguirão assimilar, absorver e, principalmente, aceitar tal realidade. E estas, infelizmente, são as que mais sofrerão em suas existência.
  Parece que até hoje não se criou uma maneira de fazer com que todos tomem conhecimento dessa situação. Envelhecer é uma situação obrigatória na existência de todos. E o engraçado é que temos a oportunidade, durante a vida, de aprender isso até com certa facilidade. Mas entre a teoria e a prática, vai uma diferença abissal. Por isso todos esses desencontros conosco.
  E é assim que podemos ver comportamentos tais como o do Roberto Carlos. Ele não consegue ver-se, e muito menos sentir-se, como um ancião, pela idade que já alcançou. Mas ele nem é um caso isolado. 
  Há milhares, quiçá milhões, de pessoas que seguem na mesma linha de equívoco. Inclusive é até comum, de certa forma, vermos gente idosa parecer um(a) mocinho(a). Vestir-se e portar-se como um. E nem percebem que destoam dos demais. Isso em muitas das vezes os levam a passar situações vexaminosas. 
  Mas a vida é assim mesmo. E ela segue em frente. E sem parar. Ainda bem, não é?

*Em tempo: a escolha da cor marrom foi proposital. Isso para mostrar que toda e qualquer cor faz parte da vida e do mundo. E nenhuma delas tem poder maior sobre outra. E se Roberto Carlos tivesse a preferência por ela, possivelmente renegaria as cores branca e azul, que dizem serem as suas preferidas. Mas Freud explica isso, com certeza!


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