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terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

DE COMPLEXOS E RECALQUES QUE ATRAÍMOS PARA NÓS

     Nesses últimos dias tenho me preocupado com uma pessoa que conheço. É um homem na faixa de 50 anos, aproximadamente, que atravessa momentos de inconveniência, digamos, mas que não é recente tal coisa. Ele já possui um histórico de dificuldade psicológica, que vem desde o tempo em que o país passou pelo que é conhecido como "anos de chumbo".
      Este período foi o da ditadura brasileira, onde o regime ficou sob o controle dos militares de 1964 até 1985, e onde muitas pessoas foram punidas e outras desapareceram, tendo suas famílias, até hoje, a preocupação de descobrir seus destinos e/ou fins.
      Esse homem teve seu pai envolvido nesses imbróglios, porque era militante de um partido comunista e muito atuante em política. Mas segundo ele, seu pai não chegou a participar dos movimentos revolucionários da época, como alguns outros o fizeram e onde foram presos ou sumidos pelo regime dessa mesma época.
      E toda essa questão mexeu com o seu lado psicológico, a ponto de desequilibra-lo até os dias de hoje, porque carrega complexos e recalques, digamos, devido às situações que teve que viver junto com a família, por ver o pai ser perseguido pelo regime, a ponto de ser proibido de ocupar um cargo de relevância lá em Brasília, exatamente por ter um histórico de participação num partido comunista da época.
      Esse homem ainda possui outros irmãos. Sendo que estes não apresentam nenhum reflexo negativo oriundo das questões políticas pelas quais passou seu pai. Vivem normalmente nos dias de hoje. Mas o mesmo não acontece com o homem citado no início. Vive sob remédios e atendimentos psiquiátricos regulares.
     E diante do que pude acompanhar sobre as reações desse homem, cheguei a algumas conclusões sobre esse assunto psicológico, digamos. E a primeira delas é ver que, em geral, nos deixamos levar por certas circunstâncias, a ponto de atrairmos para nós uma gama de complicações, qual sejam, adquirirmos comportamentos incômodos e inconvenientes, que nos trarão dificuldades em nossas vidas, com reflexos nas pessoas que vivem e existem ao nosso redor, principalmente familiares, amigos e vizinhos.
     Nesse caso específico, o homem absorveu para si toda a problemática que envolvia seu pai. Sendo que só no aspecto teórico. Haja vista que o mesmo não chegou a fazer parte de nenhum partido político de esquerda, bem como não participou de nenhuma empreitada terrorista ou afim. Inclusive, em certos períodos, age com uma normalidade surpreendente e passa uma imagem muito positiva com quem com ele conversa, porque possui um grau de inteligência muito bom.
     Diante disso, é bom que analisemos, sempre, todas as situações que nos cercam, de uma forma geral, e que nos fazem assumir situações que às vezes nos trazem mais contratempos e infelicidades do que deveríamos enfrentar se soubéssemos escapar dessas armadilhas naturais que a vida se nos oferece e apresenta.
     No caso desse homem, ele absorveu toda a problemática criada pelo seu pai, quando decidiu-se ser um participante efetivo da luta partidária política que existiu naquela época - e ainda existe nesses nossos dias - a ponto de trazer para si uma carga pesadíssima de compromisso mental e político, o qual não conseguiu resolver nem solucionar, sendo que isso o perturba e desequilibra até os dias atuais e do qual não consegue se desvencilhar, nem sob acompanhamento psicológico e tratamento médico constante.
     Dessa forma, é necessário que toda e qualquer pessoa consiga entender como esse processo se dá. Não se pode deixar-se levar por heróis, nem tampouco por ideias ou ideais políticos, por exemplo, a ponto de neutralizar a nossa própria consciência e existência, fazendo-nos agir de forma desequilibrada ou inconsequente, digamos, de modo que nos faça e nos traga tanto estrago em nossa vida e existência.
     Ter sonhos e ideais é fator intrínseco à nossa existência. Mas que não devemos perder o rumo e os limites disso. Não deve haver ninguém no mundo pelo qual tenhamos que nos sacrificar, a ponto de neutralizar a nossa própria existência. Não pode haver nenhum líder e nenhum ídolo que possa nos causar tanto estrago, assim. Para tudo deve haver um limite, sim.

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