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sábado, 27 de agosto de 2016

UM PASSADO RECENTE NO PRESENTE

    Mesmo possuindo uma bicicleta, uma motocicleta e um automóvel, vez ou outra, por conveniência, ou até mesmo por extravagância, digamos, tiro um dia para andar a pé, de ônibus, de metrô ou de trem. E assim se deu hoje, quando tive que tratar de alguns particulares, optando por usar este último.
    E como moro próximo a uma estação ferroviária que atende ao subúrbio e à baixada fluminense, dirigi-me para lá e embarquei numa daquelas composições. Mas confesso que consigo emocionar-me nessas ocasiões. Porque me faz lembrar de tempos idos, quando jovem e já um adulto recém, fiz muito uso desse tipo de transporte. Então, as comparações temporais são imediatas.
    Naquela época, final dos 60's e quase toda a década de 70, bem como parte dos anos 80's, enfrentei verdadeiras batalhas nos trens da "Central do Brasil!. O que podíamos comparar como uma verdadeira batalha existencial. E costumava denominar  tais circunstâncias como "rasga roupa". Devido ao atrito físico entre as pessoas naquelas composições.
    Hoje em dia posso considerar-me um privilegiado por não precisar e nem estar sujeito às mesmas circunstâncias de outrora. Mas não dá para esquecer tal período difícil da vida de alguém. O progresso ainda não havia chegado até ali. Daí que, comparando-se com o que se encontra hoje nesse tipo de transporte, dá muito bem para saber das diferentes entre uma época e outra.
    As composições de hoje são bem modernas, confortáveis e refrigeradas, oferecendo condições excelentes a quem faz uso desse transporte. Mas isso não passava nem perto há quarenta anos atrás. Onde os trens possuíam situações bem sofríveis, tanto em suas condições físicas quanto na estrutural, de conforto e regularidade.
    E nas raras vezes em que embarquei num trem da Rede Ferroviária nesses últimos tempos, pude observar várias coisas. Uma delas é que ali dentro, dá até para se sentir frio, devido ao ótimo funcionamento do ar condicionado. Também as instalações são excelentes, proporcionando conforto a quem faz uso daquilo.
    Mas um fato não passou-me despercebido. A presença dos camelôs. E ali se ofertam dezenas de produtos, desde balas e doces a uma série de bugigangas. Mas com o passar do tempo, até mesmo esses profissionais evoluíram em seus trabalhos. Usam técnicas para tal. Uma delas, por exemplo, é usar ganchos metálicos onde prendem as mercadorias que vendem, às vezes pendurando-os naqueles suportes que o passageiro usa para sustentar-se durante a viagem.
    O interessante nisso, é ver o número e a variedade de produtos que carregam e expõem para vendas aos passageiros. De certa forma, alguns chegam a exagerar nessas quantidades. E aquilo torna-se um fardo pesado para carregar por tanto tempo. Daí se explica o uso dos ganchos metálicos.
    Outro fato que chama atenção são as propagandas que fazem de seus produtos. E as formas que usam para tal. Dão a impressão, por exemplo, de que até compuseram tal script, porque a propaganda pode ser considerada até profissional. Um espanto.
    Enfim, o que se observa nisso é o fato de que o brasileiro possui, sim, um jeito especial de sobreviver. Essa gente se defende como pode, tirando dali o seu sustendo e o da sua família. E o único inconveniente, talvez, é saber que quase nenhum deles se preocupa com o futuro. Buscando aperfeiçoar-se numa profissão definida e sólida, diferente daquela, bem como de contribuir para a previdência social, garantindo a sua velhice.        Esta parte cabe ao Governo Federal. E até mesmo aos estaduais e municipais. Porque poderiam exigir deles essa contrapartida. Deveriam obriga-los a contribuir para a previdência, e só trabalhariam naquilo, nessas condições. Mas não há interesse público em criar situações de progresso entre a população mais sofrida da sociedade. Infelizmente.

   

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