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quarta-feira, 23 de maio de 2018

UMA CORDA BAMBA EXISTENCIAL

     Às vezes tenho a impressão de passar uma sensação de que sou um deslumbrado nesses tempos modernos. E é claro eu o sou. Mas não da forma que muitos o sejam, porque tenho a exata noção das coisas que mudaram nesse percurso em que vivo nessa vida. E lá se vão umas boas décadas.
     Naturalmente que só os que possuem tal vivência e número de anos nela, podem muito bem comparar as mudanças dos tempos e das coisas que aconteceram nesse período. Daí poderem muito bem pesarem e medirem uma à uma, para se chegar à alguma conclusão a respeito.
     É sabido que o tempo avança de uma forma imperiosa. Mas também é

necessário ressaltar que com a sua passagem, sua velocidade também vai mudando. E aumentando. A ponto de, nesses dias atuais, as pessoas reclamarem de que "não possuem tempo para nada", como dizem. E isso até chega às raias da realidade cômica, porque se vive de forma célere, sem contudo perceberem o porquê disso.
     E nem é fácil explicar-se tal situação. Ou será que é? Não chega a
fazer a menor diferença. Porque a maioria não está preocupada exatamente com isso. Se o tivessem, mudariam esse estado de coisa. Mas que uma coisa fique bem clara: tudo mudou profundamente ao que era em décadas passadas. Digamos que cinco delas.
     E como já teci matéria a respeito por várias vezes nesse espaço, é bom reafirmar que por esse tempo todo já passado, a humanidade já devesse ter se adaptado de forma absoluta a ele. Mas não é assim. Pelo que se observa, muita gente é e está desajustada aos tempos. E este autor confessa facilmente que está incluído nesse rol de gente.
     Mas isso não chega a ser uma novidade e nem surpresa para ninguém, porque não é fácil adaptar-se totalmente ao tempo e suas mudanças. Mesmo que ela se dê de uma forma comum. Só que o tempo vai passando e sua velocidade aumentando. Daí o contratempo para muitos.
     Interessante é ver a população mais jovem, a chamada YZ, também manifestar um certo grau de deslocamento em seu cotidiano. Porque como nasceram já no meio da tecnologia, desconhecem os processos anteriores aos quais a população mais vivida viveu. E o interessante nesse processo é ver que esta camada do YZ não faz nem questão de saber os processos de antes. Faz parte!, diria aquele BBB famoso.
     Então, incorre-se numa questão: quantos desses últimos conseguiriam viver normalmente naqueles velhos tempos, sem o concurso de tecnologias tão apuradas como as atuais? A resposta chega a ser muito simplista: poucos. Quem sabe?, nenhum, não é? Mas isso é assertiva de quem quer cutucar o diabo com vara curta. E nem é aconselhável tal proposta. Deixa quieto!
     O principal é continuar vivendo esses tais dias modernos. Com seus prós e contras. Mal comparando, é como se vivêssemos na tal de corda bamba, equilibrando-se o tempo todo para não cair ao chão. Pelo menos como exercício existencial é bom pra cacete!
     

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