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sábado, 7 de fevereiro de 2015

NUM PEQUENO GESTO, UMA GRANDE ATITUDE.

    Existem pequenos gestos na vida que mexem profundamente com a nossa consciência. Isso se a tivermos muito concentrada nesse nosso cotidiano. Porque se não, não conseguiremos a mínima percepção daquilo que acontece ao nosso redor.
    Há algum tempo atrás, ao regressar do almoço, andando a pé por uma rua nas adjacências da Praça da Bandeira, na cidade do Rio de Janeiro, deparei-me com um gari varrendo aquele logradouro. E, de tanto passar naquele trajeto, já conseguimos travar conhecimento, o que nos proporciona, às vezes, algum diálogo.
    E nessa oportunidade, quando passei onde ele se encontrava, percebi que estava escrevendo num caderno, apoiado no carrinho que usa para acondicionar o lixo que varre. E de brincadeira, perguntei-lhe o porquê daquilo, o que prontamente me respondeu que era um pequeno relatório sobre suas ações do dia, solicitação feita pela sua chefia.
    Então, emendando conversas, abordamos alguns outros assuntos. E num deles falamos sobre o pouco caso nas ações das pessoas que circulam nas ruas da cidade, pouco prestando atenção nas coisas ali dispostas. E para corroborar tal assertiva, peguei sua vassoura e coloquei-a estendida na calçada, em posição perpendicular ao meio-fio.
    Nessa posição, a vassoura ocupava quase toda a calçada, obrigando aos pedestres que ali transitavam, ter que passar por cima dela. E informei-lhe que passariam muitas delas sobre a tal vassoura e nenhuma delas se abaixaria para pegá-la e colocá-la em pé, junto ao muro.
    E assim aconteceu. Para encurtar a história, digo-lhes que passaram vinte uma pessoas sobre a vassoura, sem preocupar-se em tirá-la dali, deitada na calçada, atrapalhando o trajeto delas mesmas. E só a vigésima segunda assim o fez. E nisso o gari só fazia uma coisa: morria de rir daquele episódio.
    Mas não devemos nos espantar com isso. É uma pena que a maior parte das pessoas não esteja antenada com as coisas que acontecem na vida de todos. E é por isso que a vida é do jeito que é.
    No entanto, hoje, ao transitar de carro por uma rua no bairro de Vila Isabel, também na cidade do Rio de Janeiro, ao parar num determinado sinal, observei que na linha dos pedestres, junto ao meio-fio, estava parado um sujeito, que empurrava um desses carrinhos que costumamos chamar de burro sem rabo. Que geralmente é usado para fazer transporte de mercadorias e/ou entulhos diversos.
    Mas o que de interessante aconteceu ali? O sujeito, abandonando o tal carrinho, atravessou a rua e foi alinhar o semáforo dos pedestres, que havia saído do lugar, provavelmente abalroado por algum veículo grande, tirando-o do lugar, dificultando, assim, a visão daqueles que atravessavam ali, costumeiramente. E o fez de forma simples, serena e correta, alinhando-o, permitindo, assim, que todos o visualizassem normalmente.
    Para a maioria das pessoas, um gesto desses não representa coisa nenhuma. Uma pena. Porque ali naquele gesto, o sujeito demonstrou e expressou todo o seu alto grau de espiritualidade, bem como a verdadeira expressão do que é ser uma pessoa útil. Promover a regularidade daquele semáforo, não sendo ele funcionário da Prefeitura, deixa a ver o alto grau de cidadania que possui. E, confesso-lhes, fiquei morrendo de inveja daquela ação.
    Dessa forma, lembrei-me de uma citação que diz, mais ou menos, o seguinte: são nos pequenos gestos, que assistimos grandes ações. E nesse ato, foi isso que pude assistir. E como gostaria de ver mais gestos e pessoas dessas qualidades. O mundo seria e estaria muito melhor. Podem acreditar.

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