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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

E VOCÊ, É UM "OVO DE CHOCADEIRA ?"

     Num artigo publicado neste espaço já há algum tempo, fiz citação da família. Isto porque, queiramos ou não, todos a temos. Boas e/ou ruins. Mesmo sabendo que existem pessoas que não têm e nunca tiveram oportunidade de conhecer a delas. Isto acontece nos casos de crianças abandonadas em institutos para tal ou aquelas adotadas. Sendo que neste último caso a pessoa passa a possuir uma. 
     Em geral, quem possui família muito extensa, como é o caso do pessoal do norte/nordeste, onde existem famílias muito numerosas, cria-se com isso a circunstância de afastamento da maioria delas, culminando com o fato de que muitos de seus componentes não conhecem o restante delas.
     E historicamente, há décadas atrás, o pessoal dessas duas regiões citadas, quando alcançavam idades relativas de responsabilidades, digamos, vieram para o Leste ou para o Sul, em busca de melhores condições de vida, diferentemente do que possuíam em suas cidades natais, que foi o que ocorreu com a maioria dessa gente.
     Também vieram muitas crianças, trazidas por seus pais, em busca das mesmas condições dos outros, afastando-as do núcleo familiar em que viviam, mesmo em condições, às vezes, sub humanas. E aqui nessas regiões fincaram suas existências, dando continuidade às suas famílias, haja vista que cresceram, casaram-se e as constituíram em progressão.
      Mas tais fatos geraram certas circunstâncias, cuja a principal delas foi que essas pessoas, ao se afastarem de seus núcleos familiares, esqueceram que possuíam outros parentes. E nos casos dos que já nasceram nessa última região, esses mesmos é que não tiveram nenhuma referência disso, passada por seus pais.
      E foi assim que muita gente que constituiu família por essas paragens nossas, dão a impressão de que seus familiares são só os que estão ao redor delas. Aquelas que ficaram em seus torrões natais não são assim considerados. E vice-versa. As de lá também não possuem nenhuma relação com as de cá. É quase como se não existissem.
      Daí que relembro-me das ações de meu velho pai. Que mesmo vindo lá do Nordeste brasileiro, nunca esqueceu sua terra/origem. Mantinha contato direto e frequente com muitos de seus parentes daquela região. E com certa frequência ia passear por lá, onde costumava ficar, às vezes, um mês ou mais, em casa de parentes e amigos que possuía lá.
      E eu, que herdei certas propriedades paternas, e uma delas foi o apego familiar, mesmo nascendo na cidade do Rio de Janeiro, possuo uma relação muito direta com a região de onde meus pais são oriundos, e sempre que posso vou lá.
      Com isso, passei a ser um membro da família que mais conhece os outros membros dela. E gostaria que isso se estendesse a todos seus componentes. Mas não é isso que acontece.
       E, de certo modo, quando vou lá naquela cidade, Lagarto-SE, encontro muitos dos meus parentes. Mas nisso acontece uma situação que podemos dizer engraçada: uma grande parte dos que encontro, tratam-me bem, é claro, mas de uma forma um tanto quanto fria, sem aquele apelo fraterno que seria devido, dando-me a impressão de que nem meus parentes são. Apenas pessoas conhecidas.
       Óbvio é que tal assertiva pode parecer coisa sem nexo. Pelo menos para a maioria dos que a lerem. Mas se conhecessem meu velho pai, saberiam perfeitamente o que é tratar um parente. Mesmo que em segundo ou terceiro grau. Afinal, mesmo nessas condições, há a presença da consanguinidade, sim. E isto é o que deve prevalecer.
       Mas, infelizmente, cada pessoa é de um jeito. E isso sempre foi, é e sempre será. Uma pena.
       E para terminar, quero lembrar de uma terminologia usada que se refere a um parente que não liga para sua família: "ovo de chocadeira".
       Muito representativa tal classificação.

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