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sábado, 2 de abril de 2016

O DESABAFO DO MEU AMIGO SEVERINO BIU, O TAXISTA.

    A Sexta-Feira, ontem, poderia ser considerada como uma verdadeira Sexta-Feira 13. Porque quase todo mundo deu um azar danado ao sair de casa e encarar o caos no trânsito na cidade do Rio de Janeiro. Onde os taxistas resolveram protestar contra o aplicativo UBER, causando transtornos gerais. A tudo e a todos.
    É óbvio que ninguém pode admitir uma coisa dessa. Pelo menos até à página dois. Porque a partir da terceira página, outras coisas devem ser analisadas, e com muita consciência e seriedade. Principalmente a população e as autoridades.
    Encontrei-me com o meu amigo Severino Biu, o Taxista, que é o assistente para assuntos aleatórios deste espaço. E é pessoa de muita consciência, na qual deposito toda confiança possível e imaginável, com relação à exposições de problemas da sociedade em geral.
    E ele, como exerce a profissão há quase trinta anos, colocou-me a par de alguns detalhes que a população deveria tomar conhecimento e ciência. Haja vista que ela não se concentra nos aspectos reais dessa e de outras situações. Por isso observa-se muitos equívocos em suas interpretações.
    Mas vamos às explanações do amigo Severino Biu, o Taxista:

    1 - A classe de taxista no Rio de Janeiro, quiçá no Brasil inteiro, é discriminada e vilipendiada por muita gente. Pessoas que não sabem "da missa a metade". Porque nessa classe, existem dois tipos de agentes: os titulares e os auxiliares. Porque cada titular (concessionário) pode colocar a seu serviço dois auxiliares, pagando-lhe uma diária pré-estabelecida.
    2 - Num dia qualquer da vida, alguém (ou alguns) descobriu que a atividade de taxista era uma das mais rentáveis para ganhar dinheiro. Daí que existem pessoas que chegaram a vender imóveis, adquirindo uma concessão e colocando dois auxiliares para trabalhar para elas.
    3 - Esses auxiliares quase sempre foram (e ainda são) pessoas de pouco estudo e cultura, sem profissão definida, que se submetem à exploração de um vivaldino. E como não possuem expectativas de vida, trabalham única e exclusivamente para pagar a diária, às vezes em jornadas de mais de doze horas, onde, ao final, restam-lhe importâncias financeiras não tão positivas, que possam conceder-lhe uma remuneração adequada para viverem de modo positivo. Por isso, às vezes, usam de certos artifícios no desempenho profissional, o que nem sempre está em acordo com as regras do serviço e da atividade. Mas óbvio é que alguns dos titulares também às vezes usam esses mesmos  recursos.
    4 - É óbvio que, como em todas as profissões e atividades, sempre há aqueles que buscam locupletar-se de vantagens desonestas. E no serviço de taxi não é diferente. Mas aí caberia ao próprio usuário preocupar-se com isso, denunciando, sempre, quando se deparassem com um profissional desonesto e que lhe tenha causado algum prejuízo. Mas não é assim que acontece. Quase sempre as pessoas se omitem de denunciá-los. Então, como é que a Prefeitura irá penalizar tal infrator?
    5 - Um taxista está subjugado à várias fiscalizações durante seu serviço normal. Tanto diariamente nas ruas, quanto anualmente, quando deve realizar vistorias, na SMTR, no Detran, no IPEM e também na vistoria anual do gás automotivo que usa em seu veículo. Isso representa, além de custos altos, desgastes físicos e emocionais ao extremo em cumprir, rigorosamente, as exigências de cada órgão fiscalizador. Importante: deve apresentar a cada cinco anos, as certidões do 1º, 2º, 3º e 4º Ofícios, não podendo ter certos registros negativos em seu prontuário de vida, o que lhe impediria ser um taxista. Além do mais, é obrigado a manter em dia uma apólice de seguro a favor de terceiro, no valor de R$50.000,00. Sem isso nem é autorizado a trabalhar.
    6 - Então, com relação ao aplicativo UBER, tal atividade foi criada à revelia do Poder Público. Pessoas sem nenhuma qualificação exercem um serviço de alta responsabilidade, sem nenhuma contra partida com a regularidade fiscal. Apenas mantém uma aparência de funcionamento, onde seus agentes usam vestimenta apurada (terno), mas não possuem sequer nenhuma autorização das autoridades do transporte de passageiros no município. Bem como não se sabe como e onde adquiriram seus veículos, surgindo assim do nada, repentinamente, criando uma atividade que pode ser considerada "pirata".
    7 - Mas tudo é assim mesmo em nossa nação. E estamos vendo isso no plano nacional, quando a indecência e a imoralidade estão vencendo a probidade e a correção. O que há de irregularidades de no país não está no gibi.  Mas a  população dá a entender que não está nem aí para isso. Daí se entendendo o que acontece nele. Principalmente no Congresso Nacional, onde um terço de seus componentes são criminosos. Gente já processada e condenada, com muitos ainda respondendo a processos criminais diversos.
   
    Da parte desse autor, sinto uma pena enorme do meu amigo Severino Biu, o taxista, bem como de seus pares. Porque, mesmo que cometam  algumas falhas, são discriminados ao extremo pela população. E não dá para esquecer que essa classe é, simultaneamente, prestadora de várias outras atividades profissionais, a saber: condutor de veículo, cicerone, socorrista, ouvidor, psicólogo, conselheiro, obstetra... 
   

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